CineMaterna: o desejo de uma mãe cinéfila que virou negócio
22 de setembro de 2022
A história que vocês vão ler a seguir nos mostra que, quando uma mulher empreendedora põe um negócio na cabeça, ninguém segura! Com o modelo de negócio adequado, uma empresa social pode gerar empregos e transformar a vida de outras mulheres.
Boa leitura,
Ana Claudia
O cinema sempre foi a paixão de Irene Nagashima. Pelo menos três vezes por semana ela assiste a filmes na telona. No entanto, 14 anos atrás foi arrebatada por uma nova paixão: ser mãe. Ao tentar unir as duas paixões, naquele momento tão delicado da vida, contudo, acabou criando um negócio social, o CineMaterna, que promove acolhimento e diversão para as mães, conforto para os bebês e ainda gera emprego e renda!
O CineMaterna realiza sessões especiais de cinema para mães com bebês de até 18 meses. Os filmes são de temática adulta, no entanto, exibidos em ambientes preparados para os bebês! Além disso, promove palestras e bate papos sobre maternidade, relacionamentos entre outros. “Eu só queria ir ao cinema! Então, acabei me mobilizando com outras mães para irmos juntas e depois tomarmos um café”, lembra. “Foi maravilhoso, ficamos conversando por horas e repetimos a experiência por uns seis meses, sempre no mesmo cinema.”
Formada em administração de empresas e na ocasião trabalhando como consultora autônoma, Irene enxergou uma oportunidade de tornar aquela experiência em um projeto que pudesse alcançar um número maior de mães. “Existe uma romantização da maternidade na qual se esquece que aquela mãe é uma mulher que precisa conversar, se distrair, trocar experiências. Afinal, é uma mudança muito grande de rotina, sem falar no isolamento. E isso não é bom nem para a mãe, nem para o bebê”, analisa.
CineMaterna: o desafio de um novo modelo de negócios
Já com o propósito definido, Irene passou a se dedicar integralmente na realização do projeto. O primeiro desafio, contudo, foi o de definir qual seria o modelo de negócios, como seria a pessoa jurídica e como gerar renda. A opção escolhida for ser uma organização não governamental, uma ONG. “Tínhamos vários princípios de segurança à maternidade e ao puerpério dos quais não queríamos abrir mão. Então, fomos buscar um modelo econômico que pudesse abrigar esses princípios e gerasse renda para tornar o negócio viável”, lembra.
Ela conta que o grande desafio do primeiro ano era saber como conseguir renda para remunerar as pessoas e manter a estrutura do negócio. Hoje o CineMaterna tem uma equipe fixa e remunerada e conta com mães voluntárias. Presente no Brasil inteiro, o modelo de negócio inclui apoio dos shoppings centers, patrocínio anual e ações de ativação de marcas.
“Cada shopping paga pela sua sessão, ou seja, para que a gente organize a ação. Além disso, existe o formato de patrocínio anual, no qual uma empresa ligada a esse universo de mães e bebês pode realizar diversas ações de marketing.” E foi o controle dessa verba de patrocínio, como um capital de giro, que ajudou o CineMaterna a segurar suas obrigações financeiras durante a pandemia.
Contudo, Irene ressalta que uma ONG tem desafios e obrigações como qualquer outra empresa. Ou seja, contratar, treinar e manter as pessoas, pagar impostos, gerenciar as finanças, prestar conta para os clientes, entre outros. “O controle de uma empresa social é muito rígido e complexo. Cada centavo gasto precisa ser demonstrado e comprovado”, conta.
Especialistas em mães recém-nascidas
Para Irene, o CineMaterna é experiência afetiva em um momento de intensa sensibilidade emocional da mulher. Por isso, todas as voluntárias que ajudam nas sessões também são mães. “Só outra mãe vai conseguir acolher de verdade, por exemplo, aquela mulher que chega ao cinema nervosa por ser a primeira vez que sai de casa sozinha com seu bebê.”
Além do acolhimento das voluntárias, há todo um cuidado especial para receber as mães e seus bebês. Isto é, som e ar-condicionado suaves, trocadores equipados dentro da sala, que é levemente iluminada, e estacionamento para carrinhos. É realizada uma sessão por mês em cada shopping apoiador, em dias e horários pré-definidos. Atualmente, já são mais de 100 em todo o país. Desde 2008 já foram feitas quase 9 mil exibições com mais de 400 mil adultos e cerca de 250 mil bebês. Para saber sobre a programação na sua cidade clique aqui.
Uma mulher puxa a outra
Para além da importância de reintegrar essa mulher-mãe na sociedade por meio da cultura, relações sociais e atividades de conhecimentos, o negócio também empodera as mulheres que fazem parte do quadro fixo. “Fazemos capacitações, propiciamos oportunidades de crescimento e remuneração justa. Aliás, algumas jamais tinham feito viagens profissionais e hoje estão completamente desenvoltas, viajando por esse Brasil afora. Outras, descobriram novos talentos e habilidades.”
Segundo Irene, a razão do sucesso e da escalabilidade do CineMaterna é o fato de ter uma equipe multidisciplinar, com profissionais comprometidas com resultados e com os propósitos que norteiam a empresa social. “Quando há verdade naquilo que se faz, as pessoas se identificam. É tudo muito legítimo para quem trabalha e para as mães”, diz.
Ilumine-se com Irene Nagashima, a mulher que só queria ir ao cinema após ser mãe e transformou seu hobby em um negócio que acolhe outras mães no período mais delicado de suas vidas. Além disso, gera emprego e promove a cultura.