#Elas na cultura

Cora Coralina é um exemplo de que sempre é tempo para começar

1 de agosto de 2022

A história que você vai ler a seguir é uma constatação de que não há idade para empreender, para começar algo novo, para iniciar uma carreira, realizar um sonho. Essa mulher extraordinária que você vai conhecer um pouco mais agora, a escritora e poetisa Cora Coralina, publicou seu primeiro livro aos 76 anos. Então, acredite, nunca é tarde! 

Boa leitura, 

Ana Claudia 

  

A menina que tinha dificuldade em aprender e só passou três anos na escola, se achava feia e era chamada de doida pela família. Afinal, suas ideias destoavam do senso comum. Nasceu Ana Lins do Guimarães Peixoto Bretas em 1889, se reinventou e morreu como Cora Coralina em 1985. Jovem simples da cidade de Goiás, antiga capital do Estado de Goiás, começou a escrever poesias ainda muito jovem, aos 14 anos. No entanto, só se realizou como escritora aos 76 anos, ao publicar seu primeiro livro: “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais”. 

Aliás, sua trajetória até o reconhecimento como uma das mais importantes poetisas e escritoras do País foi marcada por muitas dificuldades sociais e financeiras. Sofreu preconceitos por se apaixonar por um homem casado. Só se casou depois que ele ficou viúvo. Contudo, por conta do ciúme doentio do marido, que não permitia que exercesse suas atividades literárias, passou anos cuidando somente da família. 

Cora Coralina, entretanto, enfrentou muitas dificuldades financeiras ao ficar viúva aos 45 anos. Sempre empreendendo, vendia livros de porta em porta, fazia doces e linguiças para criar os filhos. Mas foi nesse momento de virada, já no início da maturidade, que se descobre poetisa. 

Então, passa a transformar em poesia as angústias e aflições, muitas delas originadas no conservadorismo imposto pela sociedade. Sua poesia de versos livres e escrita simples, muitas vezes retratava personagens femininas e marginalizadas, como lavadeiras e prostitutas. 

Cora Coralina e seu viver bem 

Porém o reconhecimento só vem aos 91 anos, quando Carlos Drummond de Andrade escreve, em 1980, um artigo sobre ela. A partir de então, a doceira, escritora e poetisa da cidade Patrimônio Mundial da UNESCO passa a ser reverenciada pelo grande público e a ser homenageada. Apenas cinco anos antes de morrer, em 1985. 

Contudo, o que mais encanta nessa mulher é sua maneira de encarar a velhice. Para Cora Coralina, é possível ter grandes realizações pessoais, a partir das vivências do passado. 

“O tempo passa, ninguém detém a passagem do tempo. Agora saiba viver para melhor envelhecer. [o que é viver bem?] Produzir. Não ser uma criatura inerte, parada. Não dormir de dia, sobretudo. Ler. Estar atualizada com os fatos. [quer dizer que não é pra ter medo da velhice?] Não. Não tenha medo. Não tenha medo dos anos e não pense na velhice. Não pense. E nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo.” (trecho de uma entrevista feita em 1984 que se encontra no livro “Cora Coralina: Raízes de Aninha“, de Clóvis Carvalho Britto e Rita Elisa Seda) 

Enfim, essa é realmente uma história inspiradora e nos mostra que sempre é tempo para se reinventar. “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.” Cora Coralina! 

Para saber mais, visite a página do Museu Cora Coralina, que recebe parte da venda dos produtos da empreendedora goiana Milena Curado inspirados nos poemas de Cora e que tem sua história contada aqui. 

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