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Nise da Silveira humanizou a medicina mental no Brasil

11 de outubro de 2022

A história que vocês vão ler agora é o retrato da força transformadora do olhar feminino nas mais complexas situações. Nise da Silveira foi uma importante médica psiquiatra brasileira que revolucionou o tratamento das doenças mentais no país. 

Boa leitura! 

Ana Claudia 

O trabalho pioneiro de Nise da Silveira humanizou o tratamento de doentes mentais no Brasil. Ela lutou contra os métodos violentos praticados e promoveu um novo olhar. Ou seja, com mais acolhimento e sensibilidade por meio da arteterapia e da interação com animais. 

Nascida em Alagoas em 1905, Nise se formou em medicina em 1926. Outro fato revolucionário naquela época: a única mulher em uma turma de 157 estudantes. Já no Rio de Janeiro, especializou-se em psiquiatria. Aliás, foi no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, atual Instituto Municipal Nise da Silveira, no bairro carioca do Engenho de Dentro, que ela travou as maiores batalhas e realizou seu maior feito. 

Nise da Silveira: arteterapia e acolhimento 

Com seu olhar feminino e acolhedor, a médica não concordava com os métodos violentos e desumanos praticados nas instituições para doentes mentais. Todavia, teve de enfrentar muitas resistências e até mesmo violência moral por esse novo jeito de enxergar a doença mental. Contudo, a médica franzina e arretada nunca se deu por vencida. Nise da Silveira utilizava tratamentos alternativos, mais humanizados, entre eles o uso da arte. 

Entretanto, ao incentivar os pacientes a praticarem a pintura e a modelagem como forma de tratamento, acabou criando um centro de estudo e pesquisas. Surgia assim, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente (MII) que completou 70 anos. A intenção era aproximar o público das obras produzidas pelos pacientes. Ou seja, uma forma de quebrar preconceitos e ampliar o olhar humanizado sobre essa população. 

Patrimônio da Unesco 

O acervo do Museu Imagens do Inconsciente (MII) é considerado patrimônio pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ele reúne 400 mil obras catalogadas e arquivadas. Suas coleções, portanto, são tombadas como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os ateliês terapêuticos permanecem em funcionamento, de forma que a coleção do museu é diariamente acrescida de novos itens. O MII costuma receber pesquisadores, estudantes, artistas do mundo inteiro para conhecer suas obras. 

Instituto Nise da Silveira 

Parte da rede municipal de saúde do Rio de Janeiro, o instituto tem como base o incremento e o incentivo às atividades culturais no tratamento das doenças mentais. Contudo, o instituto deixou de ser um hospital psiquiátrico com a saída, em 2021, do último paciente de longa permanência. Ele voltou ao convívio social e foi morar numa residência terapêutica. 

No entanto, o atendimento ambulatorial permanece sendo feito e inclui oficinas de arte, geração de renda, esporte, dança, um ginásio de lutas marciais, um trabalho com animais que assumem um papel terapêutico no tratamento. 

Assim, ao levar seu olhar feminino e acolhedor para dentro de um manicômio, a psiquiatra Nise da Silveira provou que a medicina aliada à arte traz mais humanidade e respeito às diversidades. Ela faleceu em 1999 aos 94 anos no Rio de Janeiro 

FONTE: Agência Brasil 

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