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Diretora do BNDES diz ser necessário mudar a cultura e as crenças limitantes para que haja mais mulheres investidoras no mercado brasileiro

24 de março de 2023

Fala ocorre durante painel temático no Weforum, encontro de mulheres empreendedoras e CEOs

Em 2022, do total de projetos aprovados pelo BNDES para receber financiamento, 19% foram apresentados por mulheres em busca de empreender. Porém, o número de contratos representou apenas 4% de tudo o que o banco emprestou. Esse é o cenário da participação da mulher no mercado empreendedor no Brasil, apresentado durante o 2º Women Entrepreneur Forum (WeForum), um dos maiores encontros globais de mulheres empreendedoras e CEOs. 

Natalia Dias, diretora de Mercado de Capitais do BNDES, que participou de uma mesa de discussão sobre como ampliar a presença de mulheres investidoras no Brasil, disse que para virar o cenário “precisamos mudar a cultura e as crenças limitantes que temos”. Segundo ela, “é preciso ter o claro propósito de ocupar espaços e fazer as pessoas saberem onde a mulher quer chegar”. Para Dias, quanto mais mulheres em cargos de gestão, será possível inspirar outras mulheres e ampliar sua participação no mercado financeiro.

A estrutura do próprio Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social vem passando por mudança, caminhando para uma paridade de gênero, são 4 mulheres e 5 homens. “Estamos nos esforçando para promover mais mulheres para cargos de liderança, hoje somos 40%. Mas além de dentro da casa, queremos ter um olhar mais estratégico para fora, pensando em produtos e serviços incorporados à diversidade”, revelou a diretora do BNDES.

Natalia dividiu sua participação com outros líderes do setor financeiro, como Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Priscila Amaral, gestora executiva da AFAMAIS Assessoria Financeira e Daniel Darahem, CEO do banco JP Morgan Brasil.

Durante o debate, Margarete Coelho fez um importante questionamento: “É difícil sermos vistas como um cidadão por inteiro quando 3/4 das mulheres que tem idade produtiva não tem direito a igualdade no mercado. Como queremos o desenvolvimento deixando para fora mais da metade da população?”.

“A independência verdadeira só acontece com o crescimento financeiro, poder fazer suas escolhas e se sustentar nas escolhas”, abordou Priscila Amaral. A empresária sugeriu que a independência financeira de mulheres pode ser alcançada somando dois fatores: crescimento no número de investidoras e aumento da participação feminina em posições de gestão no mercado financeiro. “Nos últimos ano saímos de 8% para 15% nessa participação. A partir daí as mulheres começam a inspirar outras mulheres. Existe um caminho de otimismo e persistência, por isso temos que nos apoiar mutuamente e emocionalmente. A vida pessoal tem que andar em harmonia coma vida profissional”, pontua.

O CEO do JP Morgan no Brasil reconhece que passamos da era do amadorismo de inclusão para a era do profissionalismo de diversidade inclusão no momento em que as instituições passam a arraigar tais práticas. “Temos a obrigação de sermos muito bem organizados, regulados, com engenharia organizacional. Quando traduzimos isso para as práticas de inclusão, vemos milagres”, disse Daniel Darahem.

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